O pássaro do espaço...
...sempre se assustava com a aproximação do ornitólogo, que apesar de tomar todo o cuidado do mundo para não fazer nenhum movimento brusco, acabava sempre pisando em algum graveto. O observador também se escondia atrás de um espelho falso para observar o andamento da ave, pois sabia que o objeto observado nunca pode saber que está sendo observado, mesmo estando sob forte suspeita de que mil olhos estão caindo sobre si.
Os pássaros e as partículas subatômicas não gostam de ser observados e, quando assim o percebem, despistam o olho intruso das mais variadas formas. São dois ao mesmo tempo, voam para o alto da abobada ogival, imitam os homens e falam a sua língua. Isso é o que Weber chama de verstehen, ou olhar com os olhos dos outros com o intuito de alargar a veneziana da consciência. Maior a visão da Mente Total, maior o corte fino.
O galo ocupou a proa e dirigiu-se em direção ao deus hindu dos megawatts. A invisibilidade não conta e a luz atrai (trai?) os peixes. Os pássaros e as partículas subatômicas tornam-se evanescentes quando percebem que estão sendo observados, correm para longe de Maratona. Pulam para fora de si mesmos, evadem-se da luz que trai. Observar sem ser observado é colocar em perigo o objeto observado.